Os super heróis estão entre nós. De verdade. E não é de hoje. Nos últimos anos, temos presenciado uma invasão dos super-humanos em todas as mídias: filmes nos cinemas, seriados de televisão, brinquedos infantis, livros. A cada dia que passa, mais e mais pessoas conhecem e se encantam nas narrativas e histórias que cercam este inacreditável universo. Esta explosão de novas informações tem motivado o contato de diversas pessoas com a chamada nona arte, as Histórias em Quadrinhos!
Não estou aqui para relatar tediosamente a história da indústria de HQs, nem elencar como DC deu nova vida às paginas coloridas ou como a Marvel revolucionou com sua abordagem humana do surpreendente. Não, meu objetivo aqui é algo bem mais modesto: tentar colocar em palavras o prazer de ler uma história em quadrinhos.
Todas as formas de arte carregam em si o conteúdo e o método como ele é apresentado, e nas HQs não poderia ser diferente. E fazem isso com uma singularidade impressionante. Em suas paginas, tudo importa: diagramação, quantidade de quadros, cores, formas de dialogo, formato da letra. Não é por acaso que na saga Planeta Hulk, nada no planeta Sakaar tem a mesma cor do Gigante Esmeralda, a exceção dos olhos daquela que irá se apaixonar por ele, ou o ritmo cantado do texto de Os Julgamentos de Loki. Em cada uma delas, é transmitido mais do que simplesmente o texto, fazendo você sentir na pele o exílio de Hulk em um planeta completamente estranho, ou ficar imerso nas lendas e fábulas nórdicas do Deus Trapaceiro. A leitura de uma história em quadrinho permite apreciar arte, interpretar o implícito e criar toda uma variedade de significado a suas características.
Outra coisa a se dizer sobre HQs é sua individualidade: elas nunca são iguais! Mesmo que muitas vezes elas tratem dos mesmos personagens ou mesmo cenário, suas histórias são únicas por que refletem as visões dos artistas e roteiristas que as desenvolvem. O Coringa de Alan Moore em A Piada Mortal, com suas clássicas armas de palhaço e companheiros vestidos de artistas de circo, é completamente diferente do Coringa de Brian Azzarello, sombrio e perturbado a ponto de escalpelar um homem com as próprias mãos ou deitar na cama sobre os corpos de suas vítimas estraçalhadas. Tudo isso torna a leitura sempre mais prazerosa, porque você nunca sabe o que irá acontecer com aquele personagem que você acha que sabe tudo. Claro que isso se estende a todas as outras formas de arte, mas com o grande volume de edições, a nona arte se destaca neste sentido.

Com certeza você também encontrará temas adultos nas suas leituras de HQs. Elas são tão impactadas pelos eventos do mundo real quanto qualquer outra forma de expressão e de arte. Em Capitão América: A Escolha, o Sentinela da Liberdade lida com acontecimentos diretamente relacionados com o atentado de 11 de Setembro e com a Guerra do Iraque. O Homem de Ferro (vulgo gênio, bilionário, playboy, filantropo do Tony Stark) já enfrentou o alcoolismo em Homem de Ferro: O Demônio da Garrafa. O Mago Supremo do Universo Marvel, o Doutor Estranho, deve lidar com o Juramento de Hipócrates feito enquanto ainda era apenas o médico Stephen Strange em Doutor Estranho: O Juramento. A abordagem de temas tão corriqueiros de um ponto de vista surreal leva a novas visões e interpretações de nossa realidade. Afinal, você não precisa ser um mutante com superpoderes para enfrentar preconceito, não é mesmo?

HQs são uma forma de arte a parte, que mescla literatura e apreciação, estando sempre em constante mudança. É uma janela para o incrível, uma que nunca irá se fechar. Aproveitando o fim do texto para me desculpar sobre seu tamanho (é fácil se empolgar falando de algo que gosto tanto, rs) queria convidá-los a iniciar suas leituras. Garanto que não vão se arrepender!
Por Giovani Rosa
